Luis Fernando Verissimo
A primeira vez que fiquei em Copacabana foi, maravilha, no hotel Luxor, que tinha um terraço com um muro verde na frente. O mar começava ali onde hoje começa a praia e eu tinha uma dessas idades ridículas, 11 ou 12 anos. Cheiro inesquecível: maresia com asfalto. Grande sonho de vida: passear de barata pela Avenida Atlântica. Ver glossário.
Anos mais tarde fui morar em Copacabana, ou no Leme, que é uma espécie de ensaio geral de Copacabana. Eu estava na comemoração da vitória do Brasil na copa do Chile que atravessou a noite no "Fiorentina", onde iam os artistas. De cinema: naquela época a Globo não existia, se você pode conceber tal coisa. Ali perto ficava a "Sereia do Leme", não longe da "Taberna do Leme". Mais para cá ficava o "Sacha’s". Ou o "Sacha’s" não existia mais? Talvez nunca tenha existido. Talvez tudo daquela época tenha sido apenas um delírio etílico. Principalmente o Garrincha.
Comia-se bem no "Nino", no "Ariston" e no "Le Mazot" da Paula Freitas, mas naquele tempo eu e outros conterrâneos batalhando pela vida no Rio, entre uma remessa e outra de casa, preferíamos a "Spaguetilândia" da Nossa Senhora de Copacabana. Pelo que representou de sustento barato nas nossas horas difíceis a "Spaguetilândia" foi a verdadeira Nossa Senhora de Copacabana, padroeira dos gaúchos na pior. Os pedaços de pizza do Beco da Fome, na Prado Júnior, também ajudaram a nos manter de pé.
Quem podia ia ao "Cangaceiro" ouvir a Elizete Cardoso ou a gaitinha do Rildo Hora, ou ao Beco das Garrafas ouvir a Silvinha Telles. No "Rond Point", uma noite, um copo passou zunindo pela minha orelha. Não sei quem atirou em quem ou por quê. Deviam ser paulistas. Diziam que programa de paulista era ir brigar em boate do Rio. Quem se lembrar onde ficavam o "Cangaceiro" e o "Rond Point" - e o "Drink", e o "Bon Gourmet" e o "Zum Zum" - ganha uma noitada grátis no "Vogue".
Glossário: "Barata" era carro conversível. "Baratinha" era carro de corrida, como o do Chico Landi. Chico Landi era o melhor corredor de baratinha do Brasil. O Brasil era um país em que a gente vivia.
Crônica publicada em 01/09/2000 - O GLOBO
Colaboração do Olavo
A primeira vez que fiquei em Copacabana foi, maravilha, no hotel Luxor, que tinha um terraço com um muro verde na frente. O mar começava ali onde hoje começa a praia e eu tinha uma dessas idades ridículas, 11 ou 12 anos. Cheiro inesquecível: maresia com asfalto. Grande sonho de vida: passear de barata pela Avenida Atlântica. Ver glossário.
Anos mais tarde fui morar em Copacabana, ou no Leme, que é uma espécie de ensaio geral de Copacabana. Eu estava na comemoração da vitória do Brasil na copa do Chile que atravessou a noite no "Fiorentina", onde iam os artistas. De cinema: naquela época a Globo não existia, se você pode conceber tal coisa. Ali perto ficava a "Sereia do Leme", não longe da "Taberna do Leme". Mais para cá ficava o "Sacha’s". Ou o "Sacha’s" não existia mais? Talvez nunca tenha existido. Talvez tudo daquela época tenha sido apenas um delírio etílico. Principalmente o Garrincha.
Comia-se bem no "Nino", no "Ariston" e no "Le Mazot" da Paula Freitas, mas naquele tempo eu e outros conterrâneos batalhando pela vida no Rio, entre uma remessa e outra de casa, preferíamos a "Spaguetilândia" da Nossa Senhora de Copacabana. Pelo que representou de sustento barato nas nossas horas difíceis a "Spaguetilândia" foi a verdadeira Nossa Senhora de Copacabana, padroeira dos gaúchos na pior. Os pedaços de pizza do Beco da Fome, na Prado Júnior, também ajudaram a nos manter de pé.
Quem podia ia ao "Cangaceiro" ouvir a Elizete Cardoso ou a gaitinha do Rildo Hora, ou ao Beco das Garrafas ouvir a Silvinha Telles. No "Rond Point", uma noite, um copo passou zunindo pela minha orelha. Não sei quem atirou em quem ou por quê. Deviam ser paulistas. Diziam que programa de paulista era ir brigar em boate do Rio. Quem se lembrar onde ficavam o "Cangaceiro" e o "Rond Point" - e o "Drink", e o "Bon Gourmet" e o "Zum Zum" - ganha uma noitada grátis no "Vogue".
Glossário: "Barata" era carro conversível. "Baratinha" era carro de corrida, como o do Chico Landi. Chico Landi era o melhor corredor de baratinha do Brasil. O Brasil era um país em que a gente vivia.
Crônica publicada em 01/09/2000 - O GLOBO
Colaboração do Olavo
Já era hora do Jo sair da rede, e ir para o computador postar. Hehehehehe
ResponderExcluirTenham um ótimo fim de semana.
Uma bração para todos.
STSF Olavo
Um abração.
ResponderExcluirSTSF Olavo
JO, meus parabéns pelo seu aniversário, te desejo muita saúde, muito volei, muitos twelves, e muitas alegrias.Felicidades. FCD. Um abração. Olavo
ResponderExcluirSTSF Olavo